07 Aug 2019 | Artigos
Melhorando as políticas sociais para evitar e reduzir a violência
A Organização Mundial da Saúde afirma que a questão da violência é o principal problema de saúde pública no mundo e apresenta em seus relatórios dados muito importantes que ajudam a compreender a realidade da violência no planeta. As informações, coletadas por meio de pesquisas sistemáticas em diversos países, destacam que as fontes da pobreza material favorecem o surgimento da violência. Os bolsões de pobreza material apresentam índices mais elevados de violência. Assim, o enfrentamento da violência envolve a redução da pobreza material com a criação de espaços de trabalho, renda, moradia, alimentação, saúde e educação, que promovam condições dignas de sobrevivência. Refletindo sobre esse eixo de ação, devemos ter cuidado para não cair na armadilha do preconceito e afirmar que todos os pobres são violentos. Certamente não é assim. A violência está na cabeça das pessoas, e não no nível socioeconômico. Existem cidades com altos índices de desenvolvimento material e excelente renda per capita que apresentam altos índices de criminalidade.
Por um lado, sabemos que a pobreza favorece o surgimento da violência, mas, por outro, sabemos que pobreza não é sinônimo de violência. Um exemplo prático do dia a dia pode ajudar a entender essa questão: vamos imaginar um casamento de classe média, em que ambos os cônjuges têm trabalho e mantêm uma boa qualidade de vida com casa, carro e alimentação diferenciada. De repente, os dois perdem o emprego. O padrão de possibilidades de consumo muda, as necessidades de sobrevivência são priorizadas e não é incomum que tratamento rude, insultos, violência física e psicológica surjam no convívio familiar. O que aconteceu? Não foram violentos e repentinamente transformados? A resposta é não. Os valores da violência já estavam neles, mas foram vivificados ou anestesiados pelas condições materiais favoráveis. Desse modo, é muito importante entender que ações sociais que reduzem a pobreza material contribuem para a redução da violência; no entanto, compreender que isso não é suficiente é igualmente importante. Existem ricos violentos, existe violência na classe média e existe violência entre os pobres. A violência dos ricos, estruturada no egocentrismo, sociocentrismo, ganância e abusos socioeconômicos, é menos perceptível e visível a olho nu, mas não podemos esquecer que existe e que constitui a base de manifestações cruéis de outros tipos de violência. A violência dos líderes é mais perniciosa, perigosa e cruel. É um preconceito generalizado afirmar que a violência está na periferia da cidade, pois abrange todas as classes sociais. Dessa forma, o educador deve estar atento para compreender que a violência está na cabeça das pessoas, e não em sua condição socioeconômica.