07 Aug 2019 | Artigos
Os quatro “C”: pensamento crítico, comunicação/compreensão, colaboração e criatividade
Já temos alguns caminhos marcados. Vamos lembrar alguns já conhecidos.
Edgar Morin, pensador francês, atualmente com 98 anos, atendeu ao pedido da Unesco e apontou “os sete saberes necessários para a educação do futuro” como uma proposta que deve ser levada às escolas e a todos os processos educativos. Morin destaca a importância de ensinar sobre a cegueira do conhecimento, os erros e ilusões, a complexidade dos fenômenos e o enfrentamento das incertezas. Da mesma forma, destaca a necessidade urgente de ensinar o entendimento, a condição humana, a identidade terrena e a ética da raça humana. Os ensinamentos de Edgar Morin devem ser priorizados na educação e ser o livro de cabeceira de todo educador.
Pedagogos renomados também apresentam outro caminho, muito coerente e digno de destaque. É sobre a importância de priorizar o ensino dos quatro Cs:
Pensamento crítico:
Quando se trata de pensamento crítico, deve-se destacar que a informação vai muito além, tanto em volume quanto em velocidade. Recebemos informações instantaneamente sobre tudo o que acontece no mundo. Informação não falta, o que falta é pensamento crítico associado a uma racionalidade aberta que permita uma maior aproximação com a realidade dos fatos. Devemos lembrar que a mesma inteligência que desenvolve altas tecnologias é a mesma inteligência usada para manipular informações. Nunca foi tão difícil conhecer a realidade dos fatos, nunca as informações foram tão manipuladas com base em interesses ideológicos, doutrinários, políticos e até científicos. Dos densos programas de governo às simples informações diárias que circulam nas redes, prevalecem as notícias falsas. É tão difícil apropriar-se das informações corretas que, como afirma Edgar Morin, precisamos de uma picareta e cavar fundo nas catacumbas informativas para chegar a uma aproximação razoável da verdade dos fatos. Fugir das ilusões criadas pela informação enviesada, livrar-se da cegueira e dos erros impostos pela informação falsa é o desafio do pensamento crítico que espera uma pedagogia eficaz.
Comunicação/compreensão:
A comunicação docente está intimamente ligada ao ensino da compreensão que, atualmente, de forma reduzida, só se concretiza na sua dimensão objetiva, fria e pragmática. O desafio é compreender não só com a fria lógica da razão que ela explica, mas também caminhar para a “compreensão intersubjetiva”, aquela que considera a interioridade das pessoas, suas sensações e emoções, que estão na base de suas motivações. Nesse sentido, já temos as contribuições pedagógicas contidas na obra de Edgar Morin Os sete saberes necessários à educação do futuro, em que o autor teoriza e orienta educadores para transmitir a crianças, jovens e adultos os fundamentos para ensinar. entendimento. No contexto da comunicação e da compreensão, é necessário destacar o tema do diálogo, muito bem tratado na perspectiva teórica de David Bohn em seu livro Sobre o diálogo. Essa é outra prioridade da educação. A competência para o diálogo é, hoje, do que a sociedade mais precisa. É uma forma de circular significados e significados. Responde à necessidade de reflexão conjunta que observa cooperativamente as experiências vividas e melhora a comunicação entre as pessoas. No processo dialógico, ninguém quer vencer o outro, é um jogo em que todos ganham. O diálogo questiona e aprende, não existe para persuadir e ensinar. Ao dialogar, valorizamos e viabilizamos a pluralidade de ideias, não apenas buscando acordos e convicções. Quem dialoga suspende temporariamente o julgamento e mantém a mente aberta para um novo entendimento. O diálogo é o elemento que consolida a sociedade e espera entrar nas salas de aula de todo o mundo com educadores preparados para essa missão.
Cooperação:
Individualismo e egocentrismo, somados às várias formas de sociocentricidade e etnocentricidade, prevalecem na cultura. O desenvolvimento do espírito de cooperação é uma necessidade fundamental. A capacidade de trabalhar bem com o outro é vital para o ser humano. A cooperação libera a força criativa que traz benefícios muito maiores do que qualquer pessoa poderia alcançar. Um forte obstáculo à cooperação é a tendência de pensar que nossos próprios sentimentos e atributos são mais importantes do que os dos outros. Devemos perceber, por meio da educação, que essa visão egocêntrica nos machuca tanto quanto machuca as outras pessoas. Na cooperação, encontramos a expressão de interesse e cuidado pelo outro. A cooperação aumenta a qualidade do que fazemos.
Criatividade:
É desejável esperar que a educação não esqueça nem negligencie a grande e fundamental dinâmica universal que comporta naturalmente o fenômeno da vida. Podemos citar particularmente a dinâmica da impermanência. Sabemos que tudo se transforma o tempo todo, que nada fica estagnado, que tudo está em constante movimento de mudança. Sabemos que tudo começa e termina, que os momentos nascem e os momentos morrem. Como afirmou Heráclito, ninguém entra no mesmo rio duas vezes. Na segunda vez, não serão as mesmas águas e a pessoa não será a mesma. Somos educados para resistir ou negar a impermanência. Temos muita dificuldade em mudar, e isso é contrário à natureza da vida. Não há vida sem morte. Temos que morrer para uma ideia para que outra, mais adequada, mais ampla e mais profunda, tome o seu lugar. O que fomos no passado não garante o sucesso face às exigências do presente e do futuro. Temos que renascer todos os dias, pessoal ou profissionalmente. Aprender a morrer para viver pelo novo é o desafio da criatividade que deve ser estimulada na educação.